HOMOFOBIA #2

15.7.16

O post de hoje é continuidade do texto colaborativo de um velho amigo.

Por:Yureta (Yuri Sant’Anna da Silva)

     Quando recebi o convite da velha amiga Cíntia para escrever sobre as problemáticas da homofobia, me senti no dever de contextualizar a reflexão, situando o leitor numa visão de dentro para fora, haja visto que parte significante da população apática aos estudos de gênero e sexualidade acham – e apregoam – que não existe opressão institucionalizada em nosso país e tudo não passa de vitimismo barato de quem quer holofotes. É sabido que boa parte dos movimentos sociais contemporâneos lutam tanto por “protagonismo” e embora eu reconheça que essa reivindicação tem sido utilizada de maneira pouco eficiente por parcela minúscula de militantes, é fundamental que sejamos capazes, enquanto oprimidos, de narrar nossas próprias histórias, pois isso nos retira da posição de objetos de estudo e nos ascende à fenômeno que fala, daí toda importância de termos a centralidade do discurso. Assim sendo, fazendo uso deste espaço eu não poderia deixar de citar, além da homofobia, a lesbofobia, a bifobia, e a transfobia, assim como o preconceito contra a assexualidade e a panssexualidade, tão apagadas na sigla hegemônica do movimento organizado. Não poderia porque todas elas, apesar de possuírem suas especificidades, são desdobramentos de algo que as guerreiras feministas denunciam desde a revolução francesa: O sexismo, que pariu também o machismo, que reforça o patriarcado e, interseccionado ao racismo e ao elitismo, mantêm no poder absoluto o homem branco, hétero, cisgênero e rico. São transversalidades importantes para entendermos a conjuntura donde se deriva a sinérgica e complexa relação entre oprimido e opressor.

     Recentemente o mundo foi surpreendido por uma barbárie que aparentemente sensibilizou dezenas de milhares de pessoas ao redor do planeta. Um atirador invadiu uma boate LGBT em Orlando – EUA frequentada por um público latino e assassinou 50 pessoas, deixando ainda mais 53 em estado grave. O crime foi motivado prioritariamente por homofobia e xenofobia, embora a comunicação de massa tente pintar como puro terrorismo para encobrir o foco do massacre. Aqui farei uso dele para exemplificar a gravidade da nossa situação em plena atualidade, pois crimes como este devem servir pelo menos como reflexão para quem sustenta sem perceber todo um sistema que o incentiva. 

         Todos ficamos chocados e indignados com o assassinado de seres humanos pelo simples fato de amarem de uma maneira diferente da maioria. É realmente inadmissível que se odeie quem ama, ou pelo menos quem não ama da mesma maneira que você, mas será que a homofobia existe apenas nesses casos extremos de violência? Vejamos:

Continua...

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